
O presidente da Câmara dos Deputados,
Eduardo Cunha, foi citado por mais um réu durante delação premiada ao
Ministério Público Federal (MPF). O Ex-gerente da Petrobras, o
engenheiro Eduardo Musa, afirmou que Cunha tinha a "palavra final" na
indicação para a diretoria Internacional da empresa.
Em trecho da delação, Musa diz afirma que: “João Augusto Henriques
disse ao declarante que conseguiu emplacar Jorge Luiz Zelada para
diretor internacional da Petrobras com o apoio do PMDB de Minas Gerais,
mas quem dava palavra final era o deputado Eduardo Cunha do PMDB/RJ”
De acordo com o MPF, Eduardo Musa e ex-diretor da Área Internacional
da Petrobras Jorge Luiz Zelada aceitaram receber propina de cerca de US$
31 milhões de Hamylton Padilha e Nobu Su, para favorecer a contratação,
em janeiro 2009, da empresa Vantage Drilling Corporation para
afretamento do navio-sonda Titanium Explorer pela Petrobrás ao custo de
US$ 1,816 bilhão.
Defesa
O Supremo Tribunal Federal (STF) concedeu no começo do mês,15 dias
para o presidente da Câmara dos Deputados, Eduardo Cunha (PMDB-RJ),
apresentar defesa ao Supremo Tribunal Federal (STF). Cunha foi
denunciado por corrupção e lavagem de dinheiro na Operação Lava Jato.
Desde o fim do mês de agosto, quando o deputado foi notificado sobre a
apresentação da denúncia, os advogados tinham 15 dias para enviar a
manifestação, prazo que terminaria em 9 de setembro. Com a nova decisão,
Cunha pode se manifestar até 24 de setembro.
De acordo com o procurador-geral da República, Rodrigo Janot, Eduardo
Cunha recebeu US$ 5 milhões para viabilizar, em 2006 e 2007, a
contratação de dois navios-sonda pela Petrobras, junto ao Estaleiro
Samsung Heavy Industries.
O negócio foi formalizado sem licitação e ocorreu com intermediação
do empresário Fernando Soares, conhecido como Fernando Baiano, que está
preso há nove meses em Curitiba, e do ex-diretor da Área Internacional
da Petrobras Nestor Cerveró. Todos são investigados pela Operação Lava
Jato.
O caso foi descoberto após depoimento de Júlio Camargo, que fez
acordo de delação premiada. Conforme a denúncia, Camargo também
participou do negócio e recebeu US$ 40,3 milhões da Samsung Heavy para
concretizar a contratação.
A denúncia foi rebatida com “veemência” por Eduardo Cunha, que chamou
de “ilações” os argumentos apresentados por Janot. Na época, o deputado
se disse inocente e aliviado, “já que o assunto passava para o Poder
Judiciário”.
Depois de receber a manifestação da defesa do deputado, o ministro
Teori Zavascki vai elaborar seu voto e levá-lo a julgamento no plenário
do STF. Se a maioria dos ministros entender que existem provas para
abertura da ação penal, Cunha passará à condição de réu.
Por Karla Oliveira/Tribuna da Bahia